segunda-feira, 29 de abril de 2013

Com saudades de mim mesma

Já senti saudades de muita gente. Saudade de pessoas que se afastaram, ou das quais a vida me afastou.
Nunca é uma sensação boa, e sempre deixa aquela sensação de que você foi esquecido, ou o será. Mesmo que o contato se mantenha, as coisas nunca mais serão as mesmas, e isso aperta o peito e confunde a cabeça.
Entretanto, as saudades são superadas. Lógico, geram uma ferida que se transforma em cicatriz, mas saram. A marca se torna algo a ser olhado como uma lembrança nostálgica e esquecida por algum tempo, antes de retornar às nossas mentes.
Porém, hoje posso dizer que enfrento a saudade mais difícil que já passei: a saudade de mim mesma. Como trazer de volta algo que você nem percebeu que foi embora? Há dois anos, eu começava o cursinho com muitos planos, e duas certezas: a USP, e que algum dia eu viajaria pelo mundo. O curso? Os países? Tudo isso era coisa a ser descoberta no ritmo da vida. O importante era que eu atingisse essas metas.
Junto com esses dois sonhos, haviam mais algumas coisas, claro: um bom emprego, com um bom salário. Uma família tranquila. Inclusive, planos de abrir um canil quando eu me aposentasse dessa carreira misteriosa.
Hoje, nos primeiros minutos do dia 30 de Abril de 2013, eu não sei aonde ir. Mau sei aonde estou. A USP foi o sonho concretizado: desde a sexta série sonhava com ela, inclusive me lembro do momento onde o sonho se iniciou (e agradeço a prof. Valéria até hoje por isso). Nunca fiz ideia do curso que pretendia passar. "Qualquer curso em que a USP seja a melhor". Isso abre uma ampla gama, e confesso que não consegui decidi um, e não sinto que possua uma vocação. Então optei pelo que mais se parecia comigo.
Só que com toda a confusão, com todas as mudanças e os sentimentos emaranhados (mais tristeza do que felicidade, por mais que os dias sejam muito gostosos por aqui) as metas foram se perdendo... As notas não são suficientes para um intercâmbio. Os planos futuros estão sufocados pela grande dúvida que sempre volta: devo continuar aqui?
Afinal, a Química me permitirá ter um bom salário, um bom emprego, viajar pelo mundo. Me permitirá tudo isso. Mas me fará feliz?
Ao mesmo tempo, a pessoa quieta, que todos achavam tão confiante em si, mas que na verdade apenas assumia uma postura defensiva e tinha medo (isso, medo) de conversar com outras pessoas e aborrecê-las, e que só conseguia pensar que estava entediando as pessoas com quem falava, deu lugar a uma pessoa realmente melhor consigo.
Ainda tenho vergonha de mim, sim. Mas consigo falar com os outros. Tenho amigos que são incríveis. Os dias realmente me dão uma liberdade que talvez eu não teria em nenhum outro lugar, e não sei se quero abrir mão disso. Mesmo que os dias sejam corridos, cheios de estudos, há algo de interessante aqui.
Mas quando eu paro para pensar, e quando paro para realmente respirar e ver o que acontece ao meu redor, eu percebo: o eu de hoje não é o mesmo eu de dois anos atrás.
E ai fica a dúvida: se todas as pessoas que o destino tirou do meu caminho sairam para a melhor, o que devo pensar sobre mim mesma ter saido de minha vida?

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